sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Flor de inverno




E naquele momento, toda a dor, a angústia, a insegurança, a solidão, desapareceram. Como que por milagre, o mundo voltou a ter cor novamente. Um sorriso estampado na cara. Atrás do computador, enquanto trabalhava, sozinha ela ria, de orelha a orelha. E ninguém entendia. E ela ria. Não via nada engraçado no computador, apenas olhava para uma tela vazia. E ela ria. Não uma gargalhada escancarada, daqueles que parecem que existem para querer provar para o mundo que se está bem, enquanto por baixo a alma agoniza. Não, ela não precisava provar para ninguém. O sorriso vinha do fundo, bem no fundo da alma, e ia se alastrando pelo corpo, como raízes que quebram o asfalto. E o corpo inteiro sorria, aliviado, como que se houvesse retirado um espartilho que o impedisse de respirar. Não, não era garantia de que não haveria mais dor, porque ela sabia que o inverno estava apenas começando. Mas aquele sorriso, como uma flor que nasce no gelo, talvez viesse para lhe mostrar, que o inverno, não haveria de ser, afinal, tão rígido. Dependeria somente dela regar aquela flor, para lhe  lembrar  que a primavera não tardaria a chegar...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012